Sobre se perder e sobre se encontrar.



Não vou ensinar aqui como se encontrar. 

Nem mesmo vou dizer que a gente se perde porque devemos nos encontrar. 

Primeiro, e mais importante: precisamos nos ver perdidos e aceitar essa condição. 


Pra se perder precisa de muita coragem. 

Às vezes a gente se perde por não conhecer a si mesmo. 

Ou às vezes por perder coisas importantes. 

Por corações partidos. Desilusões. 

Por descuidar da nossa essência. 

Por não saber seu lugar no mundo. 

Por estar depressivo.

Ou apenas por estar cansado. E a palavra cansado tem uma explicação enorme...


Outrora a gente sentia. 

Sonhava. 

Vivia. 

Achava que se compreender era só saber sentir. 

Vou te contar um segredo: pra sentir a gente tem que aceitar. 

Pra aceitar a gente tem que se acolher. 

Pra se acolher a gente tem que se entender. 

E a gente só se entende, conhecendo a si mesmo. 

E conhecer a si mesmo é um processo contínuo.


Nosso maior inimigo somos nós mesmos. 

Nosso maior amigo somos nós mesmos. 

A melhor pessoa pra se confiar é em si mesmo. 

Só que nos sabotamos. 

É auto sabotagem, com insegurança, com medo, com ansiedade. Engravidamos da frustração e parimos a desistência. 


Sofremos com o que causamos. 

Sofremos com o que criamos dentro de nós. 

E também aprendemos pelos mesmos motivos. 


Com o tempo, você aprende que pra caminhar a 4 passos, você precisa saber primeiro caminhar a 2 passos, e de olhos fechados. 

Com o tempo você aprende que o amor rege todas as coisas, até mesmo a dor. 

Com o tempo você entende que você não pode controlar tudo. 

Na verdade, você mal consegue controlar sua própria vida. Ou mesmo sua conta no banco.

Com o tempo você entende que você atrai quem vibra na mesma frequência que você, e também afasta pessoas pelo mesmo motivo. 

Com o tempo, você entende que quanto mais você acha que aprendeu muito, não aprendeu nem a metade. 

Com o tempo você entende que você estava completamente certo. Ou completamente enganado. 

Com o tempo você percebe que às vezes esperou tempo demais. Ou devia ter esperado mais. 


Um depressivo é o ser mais empático e altruísta que tem, porque ele faz de tudo pra se colocar na dor do outro, pra ajudar a dor do outro, porque ele é um especialista em dor. Ele é sensível ao menor sinal de dor alheia, mais nunca a si mesmo. 

Só entende da dor alheia quem já sentiu dor. 

Só entende da perda quem já perdeu. 

Só entende do amor quem já amou e foi amado. Nem sempre de forma recíproca. 


Com o tempo você aprende que talvez sejam os quebrados que façam os outros ficarem inteiros. Talvez suas partes faltantes sejam feitas com pó de ouro, como na tradição japonesa de kintsugi.


Um dia tudo muda. Sempre espero que seja pra melhor, ao mesmo tempo, esperando tudo. 


Esse poderia ser um texto sobre um coração partido, mais isso fica pra próxima vez. 


Às vezes tudo que precisamos fazer é se perder, de propósito. 

E se encontrar lá, perdido. 

Pra depois encontrar a si mesmo, completo. 


Porque só completo a gente consegue sorrir a dois, se a gente um dia quiser. 

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