Sobre raizes, fluidez e esperança.

 


A gente tem mania de procurar no externo, o que falta no nosso interno. 

A gente tem mania de procurar nos outros um apoio, uma corda, uma âncora. Esquecemos que pra ter um “outro” precisamos ter a nós mesmos primeiro. 

É difícil esse papo de auto amor. Ninguém ensina pra gente que para amar alguém ou ter amor nas coisas da vida, precisamos amar a nós mesmos primeiro. 

Eu gosto muito da visão do Osho sobre liberdade, amor, sexualidade e solitude. Gostaria de aplicar mais na minha vida, o que ele fala. Porém, muitas vezes eu falho. Como o ser humano imperfeito que sou. 

Osho diz que na meditação temos que olhar pra dentro de nós mesmos, temos que ser observadores. Mas para isso, temos que amar a nós mesmos primeiro. Nunca conseguiremos olhar para dentro de nós sem amarmos a pessoa que somos, no nosso íntimo. Não conseguimos olhar para nada que não amamos verdadeiramente. E essa é a maior dificuldade na hora de termos solitude, porque sem amor próprio, temos alimento para o ego, e somente com o ego, não temos a nós mesmos. 

No amor não existe ego. E a falta de amor cria pessoas egocêntricas. 

Eu costumo generalizar o ser humano, mas esqueci que também sou um, e quando generalizo, eu me incluo nas concepções que tenho e nos julgamentos que faço. Temos essa mania. 

Não sei se esse texto retrata sobre manias do ser humano, sobre auto sabotagem ou sobre auto amor. Ainda não decidi. Mas quero aqui que quem leia, reflita no seu íntimo tudo aquilo que for retratado. 

Passamos pouquíssimas vezes por mudanças permanentes em nós mesmos e muitas vezes por mudanças efêmeras, de momentos e sentimentos. Damos pouca vazão aos sentimentos que florescem quando enfrentamos uma mudança permanente em nosso íntimo. Negamos as emoções, negamos a dor, negamos que temos dificuldade em encontrar acolhimento dentro de nós mesmos. Dizemos: “tudo bem não estar tudo bem”, mas, está tudo bem mesmo para você? Ou é isso que você quer demonstrar para o externo? Você está num processo de auto amor ou só de satisfação de um ego feito pela metade? 

Eu costumo dizer que temos que cuidar de um conjunto: físico, mental, emocional e espiritual. Seja você de qualquer religião, ou apenas um espiritualista, ou universalista, ou só uma pessoa de fé. Acabamos deixando o externo influenciar em tudo que vivemos, em tudo que sentimos, em tudo que fazemos. Nas palavras e ações. Nos sentimentos, ganhos e perdas. 

Imagine uma cachoeira. Imagine que a queda são seus sentimentos, medos e emoções. Não temos como bloquear a queda de uma cachoeira, ela flui, naturalmente. Temos como bloquear o rio formado pela queda, mas se bloqueado, ele transborda, ele não flui naturalmente, e isso afeta o ciclo natural das coisas. Deixa doer. Deixa sentir. 

Quando nos sentimos perdidos ou pra baixo, procuramos vícios, prazeres momentâneos, falsos sorrisos que damos ao mundo. Mas o mundo não espera nada de nós, somos nós mesmos que esperamos demais de nós, que cobramos demais de nós, sem acreditar em nós mesmos, sem dar segurança para nosso coração. 

Eu costumo ser uma pessoa muito emocional. A razão nunca foi meu forte. Mas apesar disso, eu criei dentro de mim uma personalidade controladora, porque assim, eu tinha a ilusão de que eu teria menos quedas e me machucaria menos. Aqui eu não trato só sobre amor. É sobre a vida, e a vida envolve muita coisa. 

Vou te fazer uma pergunta: você tem raizes dentro de você? Você criou raizes dentro de você? Ou você espera que o externo ou outra pessoa te faça criar? Ou que crie pra você? 

A falta de raizes dentro de nós cria afetos imaginários, amores não correspondidos, expectativas idealizadoras, cobranças pesadas, auto punição, auto sabotagem, aceitação em relacionamentos abusivos (seja na família, nas amizades, no amor, no trabalho) e o pior: ficamos perdidos, completamente perdidos, muito distante do caminho que talvez fosse um propósito maior. 

Eu não acredito em acaso e muito menos em destino. Acho balela. Acredito que as coisas acontecem porque elas tem que acontecer com a gente. Ninguém passa por nada que não tenha que passar. Isso pode soar um pouco cruel com quem já sofreu muito. Mas sendo espiritualista, escolhemos estar nesse mundo hoje, sabendo tudo que iríamos passar. Estamos aqui pra evoluir, pra crescer, para sermos melhores. E pra quem está nesse processo: eu tenho orgulho de você. Não desista, não se abandone. 

Algumas pessoas vão passar pela nossa vida, mesmo que não seja por muito tempo, e vão lembrar a gente que o mundo vale a pena, que a gente tem que acreditar que nós valemos a pena. 

Eu acredito em você. E eu quero acreditar em mim. 

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