Um ano nada fácil.

 


Esse ano começou com a esperança da humanidade de voltarmos a viver normalmente. Mas a pandemia nos mostrou que iria demorar mais. 


Tivemos que conviver com nós mesmos, com os outros, e com muito burnout que surgiu de cansaços negligenciados. 


Os últimos 3 meses do ano foram bem difíceis, entre médicos, internações, exames e diagnósticos. Era difícil de ouvir, de ficar na cama quando eu queria fazer milhões de coisas. 

Geminiana né? A cabeça não para. 

Eu não sabia mais o que fazer porque nunca quis tanto viver como agora. 

Me senti solitária, mas sei que muitos também se sentiram diante de tanta coisa que aconteceu nos últimos 2 anos. 


Pra mim foi um dos anos mais difíceis que já vivi até hoje.  

Minha família nunca foi muito de demonstrar emoções e sempre tive medo de me mostrar vulnerável pra os meus amigos, acabei tendo que ser a minha maior fortaleza, meu maior suporte. 

Esse ano também foi o que mais amadureci, o que mais mudei, o que mais compreendi coisas, que me fortaleci mais ainda. 


É engraçado isso. 

Em 29 anos nunca senti vontade de viver. Só de sobreviver. Não via sentido em muita coisa e sofria com tanta maldade no mundo. 

Nunca tive medo da morte e dificilmente me imaginava além dos 30 anos. Não tinha projeções futuras comigo mesma. 

Tinha dúvidas se eu era capaz.


Eu fui negligente comigo mesma por muito tempo da minha vida. 

Não façam isso com vocês. 

Não negligenciem emoções, sua saúde, seu tempo, seus corações. 

Eu senti tristeza, medo de não poder viver tudo aquilo que descobri ter vontade esse ano. Medo de não viver um futuro, e pela primeira vez, queria muito viver. 


Chorei por uns 2 dias seguidos em outubro. Nunca gostei de chorar, seguro o choro quando tem gente perto. Mas esse choro era diferente, alguma coisa tinha mudado dentro de mim. 

E daquele dia em diante, nunca mais seria a mesma. 

Era amor pela mulher que estava me tornando, sempre em construção. Pelo ser humano que sou, por tudo que vivi e que ainda vou viver. 

E eu vou viver muito ainda. 


A vida é linda. Imperfeita, do jeito que eu gosto. 

Costumamos fazer pouco dela. 

Costumamos deixar tudo pra depois. 

Costumamos ter muita pressa, nos compromissos, nos beijos, nos olhares, nas risadas, na rotina, no sexo, nas refeições, no tempo com nós mesmos e com quem amamos. 

Costumamos priorizar trabalho ao invés do amor. Os afazeres ao invés da paz. As desculpas ao invés das ações. As ausências ao invés das presenças. As despedidas ao invés dos abraços de oi. 


Depois de um ano e seis meses, meu coração e minha mente estão indo para o presente, para onde estou no momento, para onde voltei, para a vida que eu tenho hoje e ainda terei. 

A mudança de vida, de pensamento, de país e de tudo, foi muito brusca pra mim. E não parei 1 minuto pra sentir isso, pra entender. 


Eu espero, de todo meu coração, que você consiga terminar esse ano mais forte do que quando entrou nele. Melhor do que quando começou ele. 

Eu espero que você não coloque expectativas no próximo ano, e nem se cobre demais. 

Eu espero que você sorria quando virar a noite, e que você viva. 

Viva com vontade, com garra, com intensidade. Mas viva sem pressa. 

Você é forte, você é raro. Vocês são únicos. 

Se permitam ter uma chance. Ou mais.

Se permitam ter tempo, pra seus corações, suas mentes, vocês por completo. 

Se respeitem. 

Se permitam serem amados por si mesmos e por outra pessoa, e respeitem o tempo do outro. 

Seja gentil, todo mundo tem seus demônios e suas batalhas. 

Feliz ano novo. 


E se vacinem! 


Go cry,

Go smile.
It's something good to do to live as you want.
I'm on your side.
Your life is all yours. 
So don’t let other people force you to be good. 
And be kind to yourself.” 
Kaze no hi - Ellegarden


Com amor, Mari. 

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