Sobre nossos traumas, nossas dores silenciosas.

 


Ninguém conta que pra crescer a gente precisa saber criar raizes dentro de nós mesmos. 

Ninguém fala sobre o que fazer com nossas dores, nossos traumas, aquilo que não esperávamos e tivemos que lidar, mesmo sem saber lidar. 


Esperam que meninas sejam mulheres sem saber o que isso significa, sem se sentirem mulheres. Se equivocam na definição de mulher. 


Dizem que meninos são homens feitos, sem dar a chance deles sentirem, compreenderem, aprenderem. Se equivocam na definição de homem. 


A gente cobra muito do tempo do outro, sem saber respeitar o nosso. 


A gente cresce sem aprender a se respeitar, sem aprender a respeitar o outro. Achando que pra ser forte você precisa esconder sua dor, e as feridas que você viveu em sua vida não são traumas, já que hoje você é um adulto e adultos não tem tempo pra sofrer. 


É, o mundo inteiro precisa de terapia pra saber dos seus próprios traumas e nos conhecermos. 

Pessoas fazem terapia pra lidar com outras pessoas. 

Pessoas fazem terapia pra curar suas relações com seus pais. Pra aprender limites, pra lidar com a dor sem reprimi-la. 


Muitos pais reproduzem aquilo que vivenciaram e tiveram, porque era aquilo que eles podiam dar. Talvez, nem tiveram. Mas, infelizmente, ao reproduzirem a falta de amor, a agressão verbal, a cobrança constante, a falta do “não”, a negligência afetiva, as palavras que desacreditam da gente, também criam pessoas que não sabem dar afeto, não saber lidar com limites, nem respeitam seus próprios limites. 

Pessoas que não sabem ser amadas, que não sabem se amar, e procuram no externo aquilo que deviam ter tido em suas bases, e tampouco sabem se dar. 

E assim crescem adultos imaturos, negligenciando seus traumas, suas dores, cobrando tanto do outro quanto cobra de si mesmo, sem perceber, maltratando pessoas incríveis por egoísmo, tendo crises de ansiedade e estados depressivos, por buscar uma aceitação que talvez nunca exista. 


As vezes a gente é duro demais com a gente, consequentemente com o outro. 


O que ninguém te conta é que toda dor que você sentir importa. E todo trauma que você tiver pode ser cuidado, acolhido, e talvez a gente seja de alguma forma ou aja de alguma forma por um trauma, e nem sabíamos. É claro que tem traumas que lidamos a vida inteira. 


Se fala muito de empatia e pouco do que fazer quando você não aguenta mais. 

Ou quando a gente tá cansado. 

Ou quando a gente desacredita da gente. 

Ou quando a gente não consegue se manter num relacionamento. 

Ou quando a gente não atinge as expectativas de quem mais amamos. 

Ou quando a gente da mais pra o outro do que se da. 

Ou quando a gente é permissivo com todo mundo, mas se nega o tempo todo. 


É sobre a gente sonhar e não precisar da aprovação de ninguém. 

É sobre acreditar em si mesmo e não ter que afirmar isso pra ninguém. 

É sobre aprender a se dar o que você não teve, sem sobrecarregar o outro. 

É sobre você poder errar, e compreender, pra ser melhor, pra evoluir. 

É sobre você conseguir ficar um domingo inteiro só com você, mas de vez em quando querer uma companhia, e tudo bem também. 

É sobre você entender que as pessoas tem limites e consequentemente, você também. 

É sobre você saber que um dia péssimo ou uma semana péssima, não quer dizer uma vida inteira péssima. Mas uma ajudinha sempre vai bem. 

É sobre você saber que na vida real não existe super-homem ou super-mulher, as pessoas na verdade não respeitam seus limites e tentam dar conta de tudo, ao mesmo tempo. (Burnout que o diga)


Eu acolho minhas dores, eu acolho meus traumas. 

Tem dias que serão mais difíceis, e eu vou me sentir menor que uma molécula. Tem dias que não vai estar tudo bem e eu não vou querer é lidar com nada. 

Mas eu sei, que sou um ser humano completo, imperfeito, em constante evolução, e o Universo sabe o que faz, porque eu mesma não sei. (A última parte é brincadeira)


Um abraço de urso em todos vocês. Daqueles cheirosos, e bem gostosos, que encaixa. 

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